Chuva Intensa Derruba Postes e Causa Apagões em São Paulo; Deputado Apresenta Projeto para Solucionar Riscos Energéticos

Deputado Marcelo Crivela propõe enterramento de fios elétricos como alternativa para evitar quedas de postes e danos causados por tempestades

Nas últimas 72 horas, a cidade de São Paulo enfrentou chuvas intensas que pressionaram a infraestrutura urbana e resultaram em queda de postes e falta de energia em várias regiões. Os efeitos da tempestade, além de causar transtornos à população, reacenderam o debate sobre a segurança do sistema elétrico. Em resposta aos recentes incidentes, o deputado federal Marcelo Crivela apresentou uma proposta que prevê o enterramento dos fios elétricos, medida que ele acredita poder reduzir riscos e garantir mais segurança em períodos de instabilidade climática.

1. Chuva Intensa e Interdição de Vias

Desde o início da semana, a capital paulista vem sofrendo com o alto volume de chuva, que tem causado deslizamentos e danos em diversas áreas. Na tarde desta sexta-feira (8), um trecho da Avenida São Camilo, na Granja Viana, sentido Cotia, foi interditado pelo Departamento de Trânsito. A razão da interdição foi o tombamento de postes de energia que, devido ao solo encharcado, cederam, ameaçando a segurança de motoristas e pedestres.

Além dos riscos à circulação, a queda dos postes deixou moradores da região sem energia elétrica a partir das 15h. “Foi uma tarde de apreensão. A chuva não dava trégua, e a falta de energia tornou tudo mais complicado”, relata a moradora da Granja Viana, Renata Gomes, que esteve entre os afetados pelo apagão.

2. Obras e Estrutura Comprometida

O incidente na Avenida São Camilo ocorreu no contexto de uma obra de duplicação da via, que a Prefeitura de Cotia iniciou em abril de 2023. Com um orçamento de R$ 16,7 milhões, o projeto visa ampliar a largura da avenida para 7 metros em um trecho de 520 metros, além de incluir melhorias no asfalto, construção de calçadas e implantação de um novo sistema de drenagem.

No entanto, o sistema de postes suspensos instalado nas calçadas revelou vulnerabilidade diante das condições climáticas adversas. Os postes, que estavam destinados a suportar o fluxo de energia na via ampliada, não resistiram ao solo encharcado e tombaram com a tempestade. “É uma situação delicada. Trabalhamos para melhorar a infraestrutura, mas o sistema aéreo de energia mostrou ser um ponto fraco”, comentou um representante da prefeitura.

3. A Proposta de Marcelo Crivela: Enterramento dos Fios

Para o deputado federal Marcelo Crivela, o problema enfrentado por São Paulo exemplifica uma vulnerabilidade estrutural que precisa ser combatida. Em um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, Crivela propõe o enterramento dos fios elétricos como solução definitiva para os riscos trazidos pelas redes aéreas de energia. Segundo o parlamentar, esta mudança pode não apenas evitar quedas de postes, mas também reduzir os custos com reparos e melhorar a segurança pública em períodos de instabilidade climática.

“O sistema de fiação aérea tem demonstrado sua vulnerabilidade ano após ano, com quedas de postes, de árvores e interrupções que causam transtornos e prejuízos à população. A proposta de enterrar os fios não só traz segurança aos moradores, como representa um avanço na infraestrutura urbana, reduzindo acidentes e o custo de manutenção”, afirmou Crivela, reforçando os benefícios da sua proposta.

4. Comparação Internacional e Avanços em Outras Capitais

O Brasil ainda possui menos de 1% de sua rede elétrica no subsolo. Em São Paulo, por exemplo, apenas 60 quilômetros de cabos são subterrâneos. Outras capitais, como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, apresentam índices um pouco melhores, com 11% e 2% de suas redes aterradas, respectivamente.

Em contraste, cidades como Londres e Paris começaram a enterrar seus fios no século XIX, consolidando hoje sistemas praticamente inteiros de rede subterrânea. A capital inglesa, por exemplo, está em vias de concluir a transição de toda a sua rede para o subsolo. Em Nova York, cerca de 71% do cabeamento já é enterrado, e Buenos Aires iniciou o processo na década de 1950.

“Temos muito a aprender com as grandes capitais mundiais”, destaca Crivela. Para ele, o Brasil precisa adotar medidas semelhantes se deseja enfrentar com mais segurança e eficiência os desafios impostos por um clima cada vez mais imprevisível.

5. Desafios da Proposta e Debate Sobre Privatização do Setor

Crivela reconhece que, para efetivar o enterramento dos fios em larga escala, será necessário um investimento significativo. Ainda assim, ele acredita que a proposta pode ser viável, especialmente se integrada ao debate em andamento sobre a privatização do setor energético no Brasil.

“O momento é propício para discutirmos soluções de longo prazo”, pontua Crivela. “Creio que é fundamental irmos além e focarmos na raiz do problema, que é a fase de distribuição. Hoje, a maior parte das redes no Brasil ainda é aérea, com cabos e transformadores expostos às condições climáticas severas.”

A fase de distribuição, segundo o deputado, é o ponto mais vulnerável do sistema elétrico atual. Para ele, a implantação de uma rede subterrânea seria um investimento em infraestrutura que garantiria mais estabilidade e menos interrupções na rede de energia.

6. Como a Proposta Pode Transformar a Infraestrutura Energética Brasileira

Caso o projeto seja aprovado, ele poderá remodelar a maneira como São Paulo e outras cidades enfrentam as consequências das chuvas intensas e tempestades, que têm se tornado mais frequentes em diversas regiões do país.

“Estamos propondo uma solução que vai além da remediação e foca na prevenção”, explica Crivela. O deputado aponta que a segurança oferecida pelo sistema subterrâneo contribuiria para uma infraestrutura urbana mais resiliente e moderna.

Conclusão

O projeto de enterramento dos fios, defendido pelo deputado Marcelo Crivela, surge como uma alternativa que busca melhorar a segurança e a eficiência do sistema elétrico brasileiro. Em meio a um cenário de mudanças climáticas e eventos extremos cada vez mais comuns, iniciativas como essa ganham relevância no debate sobre o futuro da infraestrutura urbana no país.

O Brasil ainda está em uma fase inicial em relação ao uso de redes subterrâneas, mas o aumento da frequência e intensidade das tempestades pode acelerar a adoção de mudanças estruturais necessárias para preservar a segurança e a continuidade do fornecimento de energia.

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