Agentes comunitários baianos recebem capacitação para diagnóstico de hanseníase no Congresso Brasileiro de Hansenologia

Divulgação
Marco Andrey Cipriani Frade – presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia

Mais de 200 agentes comunitários de saúde atuantes no Estado têm curso de capacitação para ajudarem na estratégia de enfrentamento à hanseníase — Brasil tem a maior taxa de prevalência do mundo.

Uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) e a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia reúne 266 agentes comunitários de saúde nesta quarta-feira, 6 de novembro, no 18º Congresso Brasileiro de Hansenologia, o maior evento sobre o tema nas Américas, que acontece em Salvador. Eles participam de um curso específico de capacitação que abordará técnicas e estratégias de rastreio e abordagem de casos suspeitos de hanseníase. O objetivo é aumentar o número de diagnósticos para quebrar a cadeia de transmissão do bacilo de Hansen, causador da doença.

Diagnósticos de hanseníase aumentam em todo o mundo e o Brasil é o país com a maior taxa de prevalência da doença (percentual de diagnósticos de casos novos a cada 100 mil habitantes). 22.773 novos doentes de hanseníase foram diagnosticados no país em 2023, segundo o último boletim epidemiológico da OMS, um aumento de 4% em comparação com 2022. Apesar de ser um dos países que mais diagnosticam a doença, a SBH denuncia uma endemia oculta de hanseníase no Brasil — com milhares de casos sem diagnóstico e tratamento, evidenciados pelo alto percentual de diagnósticos tardios em pacientes com sequelas incapacitantes e irreversíveis. Ainda assim, o Brasil não conseguiu retomar o ritmo de diagnóstico pré-pandemia, que chegava a 30 mil casos por ano.


Capacitação para Agentes Comunitários de Saúde

O curso será ministrado por:

  • Professor Josafá Gonçalves Barreto (Universidade Federal do Pará): Desenvolveu um trabalho de georreferenciamento para identificar casos suspeitos de hanseníase, uma estratégia eficaz e de baixo custo.
  • Enfermeira Claudia Maria Lincoln Silva (Secretaria Municipal de Saúde de Tambaú-SP): Falará sobre o modelo adotado em Tambaú para que a cidade se tornasse a primeira no país a avaliar 100% da população jovem e adulta para hanseníase.

Na iniciativa em Tambaú, 17 mil dos 21.435 habitantes responderam a 14 perguntas do Questionário de Suspeição de Hanseníase (QSH), ferramenta gratuita adotada pelo SUS. Um programa de inteligência artificial analisou os padrões de resposta, identificando 330 casos suspeitos, dos quais 30 foram diagnosticados com hanseníase e geraram ações para avaliar comunicantes (filhos, familiares e parceiros dos pacientes), um modelo raro e eficaz de combate à doença.

A estratégia segue os protocolos defendidos pela SBH e tem o acompanhamento do presidente da sociedade, Marco Andrey Cipriani Frade, também professor na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP e coordenador do Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária com Ênfase em Hanseníase (CRNDSHansen).


Hanseníase: O que é e como afeta

A hanseníase é uma doença neural — o bacilo transmissor afeta os nervos, causando inflamação. Seu desenvolvimento é lento, levando de 5 a 10 anos para se manifestar. Os sintomas incluem formigamento, dores e perda de sensibilidade na pele, além de manchas esbranquiçadas ou avermelhadas com perda de pelos. Com o tempo, o paciente perde a força nas mãos.

Na Bahia, mais de 70% dos casos novos são da forma mais grave da doença. O estado ocupa o 11º lugar no ranking nacional de detecção, com 1.691 diagnósticos em 2022, sendo 74,5% com a forma grave. A SBH alerta para a urgência de diagnósticos precoces. Embora tenha tratamento gratuito e cura com um coquetel de antibióticos (poliquimioterapia), a taxa de cura foi de 71,2%, considerada baixa.


Serviço

18º Congresso Brasileiro de Hansenologia
Data: 5 a 8 de novembro de 2024

Curso Hanseníase para Agentes Comunitários de Saúde
Data: 6 de novembro de 2024 – 8h às 12h
Local: Salvador, Bahia – Gran Hotel Stella Maris
Informações: www.sbhansenologia.org.br

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