Em evento no Rio de Janeiro, três adolescentes brasileiras representam 50 mil jovens de 60 países em diálogo com líderes do G20 sobre questões urgentes, como desigualdade e mudanças climáticas.
Em um marco inédito na história do G20, crianças e adolescentes ganham voz ativa para expor suas preocupações e propostas diretamente a líderes globais. Nesta quinta-feira (14/11), no Espaço Kobra, no Rio de Janeiro, três adolescentes brasileiras terão a oportunidade de representar mais de 50 mil jovens de 60 países, entregando uma carta com recomendações aos representantes das principais economias do mundo.
Durante a Cúpula Social do G20, realizada entre 14 e 16 de novembro no Rio de Janeiro, o evento “G20 e os Direitos de Crianças e Adolescentes” marca um momento histórico. Pela primeira vez em 25 anos, crianças e adolescentes participam oficialmente do principal fórum de cooperação econômica global, oferecendo sugestões e cobrando compromissos dos líderes mundiais. A iniciativa, organizada pela Save the Children e pela Plan International Brasil, visa inserir as preocupações e expectativas desse grupo diretamente na pauta do G20.
O encontro ocorre no Espaço Kobra, no Boulevard Olímpico, e contará com a moderação de três adolescentes brasileiras, que representarão 50 mil jovens de várias partes do mundo. Em sua carta, resultado de uma ampla consulta global promovida pela Save the Children e pela Plan International, são abordadas questões que afetam diretamente o futuro da juventude e de toda a sociedade, como mudanças climáticas, justiça econômica, redução da pobreza, reforma na governança global e igualdade de gênero e raça.
A Participação dos Jovens: Um Pedido por Justiça e Igualdade
A carta, segundo a organização, reflete uma visão coletiva de jovens de diferentes continentes, que compartilham preocupações comuns. “Nós somos crianças e adolescentes da África, Ásia, América Latina, Europa e outras partes do mundo compartilhando nossas principais preocupações para o presente e para o futuro,” diz Julia, de 17 anos, uma das adolescentes que estará presente na entrega do documento. “Queremos que os líderes do G20 trabalhem para garantir economias justas que combatam as desigualdades e um ambiente onde possamos nos desenvolver plenamente e realizar os nossos sonhos.” Julia participa de projetos implementados pelo Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDECA-RJ), parceiro da Save the Children, e foi uma das jovens envolvidas na formulação da carta.
Apoio de Organizações e Relevância Global
A participação dos jovens é defendida há décadas por organizações como a Save the Children, a Plan International e a Iniciativa Crianças no G20, liderada pelo Instituto Alana. Karina Gomes, diretora de Advocacy e Parcerias da Save the Children Brasil, destaca a importância dessa participação. “As crianças devem ser sempre consideradas e incluídas nos processos de tomada de decisão de alto nível porque têm necessidades e perspectivas únicas, e as decisões dos líderes terão um impacto direto no seu futuro”, afirma Gomes.
No evento, estarão presentes a Ministra dos Direitos Humanos e Cidadania do Brasil, Macaé Evaristo; o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; além de representantes da sociedade civil e dos Sherpas do G20. Alessandra Nilo e Felipe Hess, representando o Brasil, estarão entre os embaixadores que levarão as reivindicações juvenis para a análise dos chefes de Estado e de governo dos países membros.
Desafios e Expectativas: O Que Esperam as Crianças do G20
A consulta global que embasou o documento reuniu opiniões e sugestões de jovens de 60 países, em uma parceria entre Save the Children, Plan International, Joining Forces e Movimiento Mundial por la Infancia (MMI-LAC). Temas críticos como mudanças climáticas e economias justas foram destaque entre as prioridades. Esses jovens pedem aos líderes globais um compromisso real com medidas que promovam a igualdade e a sustentabilidade.
O documento produzido pelo grupo Crianças no G20, denominado Policy Pack Crianças no G20, compila essas recomendações, com ênfase em políticas que abordem o combate à pobreza e à desigualdade, além de exigir uma reforma na governança global. O objetivo é que os jovens sejam escutados não apenas como beneficiários das decisões, mas como participantes ativos na construção de um futuro mais justo.
Evento de Alto Nível: G20 e os Direitos de Crianças e Adolescentes
Data: Quinta-feira, 14 de novembro
Horário: 14h às 16h
Local: Espaço Kobra, Sala K Primeiro 10, Boulevard Olímpico, Rio de Janeiro
Conclusão
A participação de crianças e adolescentes no G20 representa uma transformação significativa no diálogo global sobre o futuro. Pela primeira vez, jovens não apenas expõem suas preocupações, mas também influenciam diretamente a agenda de líderes globais. A iniciativa busca não apenas uma escuta ativa, mas também a construção de políticas concretas para um futuro mais inclusivo, justo e sustentável.
