Tribunal Popular na Cúpula do G20 leva Imperialismo ao Banco dos Réus

Evento em que Aleida Guevara, Rula Shaheed e o povo Krenak denunciam políticas imperialistas mobiliza 1.500 pessoas no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro recebe Tribunal Popular para julgar políticas imperialistas na Cúpula Social do G20

No próximo dia 15 de novembro, o Rio de Janeiro sediará o “Tribunal Popular: O Imperialismo no Banco dos Réus”, evento que integra a Cúpula Social do G20 e deve reunir cerca de 1.500 pessoas na Fundição Progresso, localizada no centro da capital carioca. A iniciativa é organizada por movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial das Mulheres e a Assembleia Internacional dos Povos, e conta com o apoio de diversas entidades de direitos humanos. A sessão está prevista para começar às 14h e promete levar ao debate os impactos das políticas imperialistas nos direitos humanos e na natureza.

A Tradição dos Tribunais Populares

Os tribunais populares anti-imperialistas têm uma longa tradição de questionar o papel de grandes potências e empresas na violação de direitos humanos ao redor do mundo. Eventos similares, como o Tribunal Russell, o Tribunal Permanente dos Povos e o Tribunal Benito Juárez, inspiram-se na necessidade de criar um espaço de denúncia. Esses fóruns têm sido realizados em diferentes cúpulas populares pelo mundo, funcionando como uma plataforma de resistência e visibilidade para as populações atingidas por conflitos e políticas de austeridade.

Segundo os organizadores, o objetivo deste Tribunal é criar um espaço para evidenciar os efeitos devastadores do imperialismo sobre povos e ecossistemas. “Queremos expor as consequências das guerras e das políticas imperialistas sobre a democracia e a soberania dos povos”, afirma um dos organizadores. A proposta é discutir, com profundidade, os impactos dessas políticas e dar voz às vítimas, que poderão apresentar provas das violações sofridas.

Julgando as Consequências do Imperialismo

O Tribunal Popular visa não apenas a denúncia, mas também a conscientização sobre a necessidade de reparações pelos danos causados. O evento pretende julgar simbolicamente o sistema capitalista, apresentando provas e relatos sobre as políticas que, segundo os organizadores, violam direitos humanos fundamentais e devastam o meio ambiente. Durante a sessão, serão discutidos quatro casos específicos que ilustram esses abusos, abrangendo contextos locais e globais:

  1. Genocídio Palestino e Massacres no Oriente Médio
    Um dos pontos centrais das acusações inclui o genocídio do povo palestino, com referências a crimes semelhantes observados no Líbano, no Iêmen e no Sudão. Representantes como a palestina Rula Shaheed testemunharão sobre os efeitos das políticas de ocupação e da violência estatal na região.
  2. Acordo União Europeia-Mercosul e a Indução da Pobreza
    O acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul é criticado como um mecanismo de indução à pobreza, ao implementar políticas de austeridade que afetam a soberania econômica dos países sul-americanos. O Tribunal destacará como essas políticas afetam também Sri Lanka, Paquistão e economias latino-americanas.
  3. Bloqueio Econômico a Cuba e Restrições à Soberania
    Outro caso analisado será o bloqueio imposto a Cuba, que, segundo os organizadores, representa uma violação à autodeterminação dos povos. A política de sanções a outros países, como Venezuela e Haiti, será discutida como exemplo de pressão econômica e política sobre nações soberanas.
  4. Desastres e Violência no Brasil: Tragédia de Mariana e Racismo Estrutural
    No Brasil, o Tribunal abordará os desastres ambientais de Mariana e o extermínio da juventude negra nas periferias cariocas. Esses eventos são considerados reflexos do racismo estrutural e da negligência ambiental, questões que, segundo os organizadores, também se refletem em países como Índia, Equador, Chile, Argentina e Paraguai.

Vozes de Resistência e Justiça Global

Além das denúncias, o Tribunal contará com a participação de figuras de destaque no ativismo internacional, como a médica cubana Aleida Guevara, filha de Che Guevara, e a ativista palestina Rula Shaheed. Os jurados incluem representantes de diversas nacionalidades e grupos étnicos, como venezuelanos, palestinos, indígenas brasileiros e negros do Haiti, da Argentina e de Burkina Faso. Cada testemunha trará uma perspectiva única sobre as dificuldades enfrentadas pelos seus povos devido às políticas imperialistas.

Para os organizadores, o Tribunal Popular não tem caráter jurídico oficial, mas busca um julgamento moral que possa influenciar a percepção pública sobre as violações discutidas. Segundo eles, é uma forma de resistência que expõe as consequências do capitalismo global.

“Este Tribunal busca um veredito que seja, acima de tudo, simbólico. É uma resposta ao sofrimento imposto aos povos, que enfrentam cotidianamente a opressão econômica e política”, afirma um dos coordenadores do evento.

Movimentos e Organizações Envolvidas

O Tribunal Popular é organizado por uma ampla coalizão de movimentos e ONGs, que incluem o MST, Marcha Mundial das Mulheres, Amigos da Terra Brasil, e Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), entre outros. Esses grupos têm histórico de atuação na defesa de direitos humanos e ambientais e, neste evento, somam forças para dar voz às populações afetadas pelas práticas imperialistas.

Para a Marcha Mundial das Mulheres, que integra a organização, a participação feminina no evento é crucial para dar visibilidade ao impacto desproporcional que essas políticas têm sobre as mulheres, principalmente em comunidades vulneráveis. “As mulheres são sempre as mais atingidas nas crises causadas pelas guerras e políticas de austeridade. Elas perdem suas casas, suas famílias e enfrentam a violência física e econômica”, ressalta uma representante da Marcha.

Informações do Evento

  • Evento: Tribunal Popular: O Imperialismo no Banco dos Réus
  • Data: 15 de novembro de 2023
  • Horário: A partir das 14h
  • Local: Fundição Progresso, Rua dos Arcos, 24, Centro, Rio de Janeiro/RJ

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima